Fernando Sequeira: «Demito-me por causa do clima de terror»

"No final de Março tomou posse como presidente do Belenenses. Diz que o clube estava «à beira da falência». Meio ano passou. Não resistiu às ofensas e ameaças, ao clima de terror que ainda no último jogo o fez sair do Restelo entre um cordão policial. OS insultos e as ameaças cresceram de tom. (????????)


Fernando Sequeira perdeu a paciência, porque, diz, teve, medo. É verdade?
Já apresentei a carta de demissão. Não obstante toda a dedicação ao clube, o que tenho recebido nas últimas semanas são insultos, ameaças à minha integridade física, quer dentro do estádio, quer fora do mesmo, em zonas públicas. Tudo isso constitui impedimento à minha continuidade no exercício das funções de presidente da direcção do clube e da SAD.


A demissão não tem, também, a ver com a difícil situação financeira do Belenenses?
Não tem uma correlação muito directa.


Porque acontece este clima quando só agora o campeonato começou?
De facto isso surpreende-me e eu próprio não tenho explicação para factos desta natureza. Não é normal tanta ameaça de ordem física, tanto insulto, tão-pouco a PSP ter de intervir para sairmos do Restelo, como sucedeu com o Paços de Ferreira e com o Covilhã. Sou um cidadão normal, tenho mulher e filhos, não posso aceitar ser insultado assim, junto da minha família, em locais públicos, por motivos que não consigo explicar. Criou-se um clima quase de terror em relação à vida das pessoas e isso eu jamais posso aceitar.


Quando tomou posse disse que o clube vivia uma situação caótica.
Quando a direcção decidiu assumir os destinos do clube tinha sido feita uma análise e tínhamos constatado que a situação financeira era extremamente grave. Um mês depois da tomada de posse comecei a sentir focos e tentativas de desestabilização cujas origens estavam dentro do clube, pretendendo criar um clima de instabilidade, inclusive com ameaças telefónicas a membros da direcção, nomeadamente ao vice-presidente da área financeira, Jaime Vieira de Freitas.

Sem o clima de terror que sentiu julga que poderia ter mudado a vida deste Belenenses?
Estou certo que sim. Existem empresas interessadas em investir no clube. Uma delas quer fazer a renovação do estádio, construir um pavilhão multiusos para 7500 espectadores para eventos e 3500 para desporto, em que o clube não tinha de investir nem um tostão nem vender um metro quadrado da sua propriedade, com os activos a ficarem dentro do clube e as receitas a ser divididas entre o clube e a empresa. Andávamos a negociar com a Chamartin, que tinha alguns interesses em desenvolver projectos numa lógica comercial. Tudo isso estava a ser desenvolvido, tudo isso era possível numa sequência que envolvia o Belenenses, as empresas e a Câmara Municipal de Lisboa, com a qual fizemos algumas reuniões. Se não fosse este clima o clube caminharia para a sua autosustentatibildade. E há dados importantes para se perceber o percurso positivo que o Belenenses fez nestes meses: no triénio 2002/2004 o clube teve lucros de cerca de 600 mil euros e no triénio 2005/2007 teve um prejuízo de 6,3 milhões de euros. Estes números explicam à evidência a situação de crise que o clube atingiu. Só com grande paciência se podia fazer tudo de novo, era o que estávamos a tentar, num trabalho de recuperação de grande profundidade, para respirar bem daqui a três quatro anos.
Report.: A Bola
F.A. Ajuda 84

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