A 30 de Janeiro de 1908 nasceu Pepe e com pouco mais de 15 anos foi inscrito no Campeonato de Lisboa de 1924-25, tendo a sua estreia oficial na 1ª categoria em Fevereiro de 1926. Ficou fazendo parte da epopeia essa estreia, no campo do Benfica nas Amoreiras, quando a 15 minutos do fim o Belenenses a perder por 4-1 deu a volta ao resultado, vindo a ganhar por 5-4 com o último golo apontado de penalty por Pepe, - o famoso quarto de hora à Belenenses.
Ainda em 1926 estreou-se na Selecção Nacional, logo marcando dois dos quatro golos da vitória contra a França. Desde então, sempre teve lugar assegurado nas selecções da cidade e do país. Segundo a imprensa da época, Pepe, no início da sua carreira, era demasiado exuberante e duro. Mas pouco tempo depois transformou-se num jogador sereno e comedido mas extremamente enérgico. A sua vida desportiva foi um exemplo de fé e dedicação clubista.
Nos cinco anos de ouro do Belenenses, de 1926 a 1931, Pepe tinha participado em 140 jogos. Sempre com a Cruz de Cristo ao peito, nunca conheceu outro clube e, ao contrário do que afirmou certo néscio aqui há tempos, nem por sombras passou pelo F.C. do Porto. A homenagem que este clube lhe presta junto à sua estátua sempre que vem a Belém, e que me conste é o único, tem origens no puro desportivismo que reinava.
Pela injustiça duma morte em tão tenra idade, pelas circunstâncias controversas que a rodearam, pelo fulgor da sua entrada na vida desportiva da época e que tão pouco tempo durou, é natural que Pepe seja para muitos considerado a maior lenda do futebol português.
Pepe faleceu no Hospital da Marinha, no dia 24 de Outubro de 1931 depois de ali ter dado entrada com violentas dores abdominais, hemorragias e colapsos. Os jornais e revistas da época, muita tinta consumiram acerca das causas da sua morte. O envenenamento foi a causa mais provável, ainda que relatórios médicos tenham afirmado que ele padecia de mau funcionamento do estômago e intestinos, o que o fazia andar nessa altura com aftas na língua e nos lábios.
No entanto algo de mau esteve na modesta refeição da véspera, porquanto a mãe e os irmãos também se sentiram mal e foram hospitalizados ainda que sem muita gravidade.Segundo aqueles relatórios, o estado debilitado do jogador poderia ter agravado a sua situação clínica, piorando a provável intoxicação alimentar a ponto de o matar.
O luto e a consternação tomaram conta de Belém, de Lisboa e do País.
Pepe era um ídolo a nível nacional, porque nunca deixou de ser chamado à selecção desde que para lá foi convocado em 1926.
O seu funeral, para o cemitério da Ajuda, foi acompanhado por um mar de gente como nunca se tinha visto naquela parte da cidade.
Pela injustiça duma morte em tão tenra idade, pelas circunstâncias controversas que a rodearam, pelo fulgor da sua entrada na vida desportiva da época e que tão pouco tempo durou, é natural que Pepe seja para muitos considerado a maior lenda do futebol português.
Honremos a memória de José Manuel Soares, o nosso Pepe, dignificando o futebol......especialmente nós Belenenses.
F.A. Ajuda 84
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